Esses dias estava com vontade de escrever uma poesia. Comecei a falar de amor. O clichê dos poetas. Então acho que comecei bem.
Me arrisquei a viajar por dizeres entre aspas, onomatopéias e metáforas nunca antes mencionadas, sentimentalidades fúteis ou não.
Escolhi uma música - aleatoriamente - pra fazer plano de fundo para minha inspiração,
“Verá que, mesmo de longe, tua lixa não me rasga mais.
Teus nós só eu sei desatar. Desiluda-se.
Tua vontade faz querer me encontrar pra sempre. O outro pra sempre.”
Mas não consegui poetizar nosso amor tipo B. Daqueles que todos sonham em não ter.
De acordo comigo, amar é querer somar e dividir, nunca multiplicar ou subtrair. E era demais! Os dois! Os exageros e os meandros de conduta que tínhamos a cada náufrago. E como afundou!
“Afundei-me em cada sorriso teu.
Afoguei-me no teu suor.
Me sufoquei nos teus cabelos
E morri nas nossas lágrimas.”
Bem assim mesmo, nos teus pros seus, dos ‘–me’ pro ‘me–‘.
Mas nada da poesia aparecer! Eu insistia em redigi-la, compô-la, papealizá-la, enletrá-la...
Parei de justificá-la. Seria como equacionar o amor. E esse amor, de fato, não tem solutiva, não tem razão, não tem sentido, só tem um X.
E esse X é de errado.
mas não deu certo, obvio. Não sou um poeta.