terça-feira, 15 de maio de 2012

O garoto que não conseguia sonhar I

Eu não tenho sonhos.
Há muito tempo venho pensando nisso.

O que eu quero pra minha vida? Como estarei daqui há alguns anos? Quanto esforço terei de dispor para alcançar o que almejo? O que eu almejo?

A primeira lembrança minha que tenho como gente, beira os meus 13, 14 anos, quando eu ia e voltava da escola sozinho de ônibus ou de bicicleta. Apesar da superproteção da minha mãe, ela, de certa forma, confiava em mim e na minha sorte (que eu adorava abusar).
Tantos amigos visitavam a minha casa, jogávamos bola na rua, no parque e na escola. Entrei na aula de violão e, a partir daí, encontrei uma paixão. A música.
Não sou virtuoso, nem tão pouco estudioso, mas gosto. E foi uma das poucas coisas que gostei, de fato, na minha vida. Nunca gostei de carros, não gostava de tecnologia, nunca fissurei em celular, roupas de marca, nem acessórios de vestuário, nem de séries de TV. Eu gostava do meu violão, dos passeios de barco com a minha família e de me reunir num estúdio com a minha banda. 

Ah! Eu gostava também de colorir aquelas revistas pra criança, até hoje ainda gosto. Uma vez meu tio apareceu com um anúncio de revista em casa e eu fiquei impressionado com aquelas cores.- "Serei publicitário". - Pensei, desde então. Sem uma completa noção do que era um publicitário, obviamente.
Consegui o meu primeiro estágio aos 14 anos em uma agência de publicidade como aprendiz de designer gráfico, nunca abandonando minhas bandas que, ao longo do tempo, foram se desfazendo por conta de mulheres, por conta de "falta de tempo", por brigas ou por desinteresse mesmo. Mas a música não saia de mim, nem eu dela.
Qualquer lugar que eu visitava, bar, casa de num sei quem, eu sempre tinha um olhar clínico pra perceber se havia instrumentos musicais no local e também reparava na comunicação visual dos mesmos. Dois quadros, um vaso sem o menor nexo, chão manchado, um case de violão. Eu reparava em tudo. Não se estava arrumado ou desarrumado, mas se haviam cores combinando ou alguma peça musical.

Conheci minha primeira namorada.

... continua ...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carta não perecível

Esse texto não tem muita coisa de diferente não. Fala de amor, de choro, de raiva e de angústia sentimental. Todo aquele bla bla bla que, se você leu outros textos, já sabe como funciona.

Eu escrevi essa carta olhando velhas fotografias, bilhetinhos, e-mails e ouvindo uma música instrumental triste, tocada em piano e percussão somente. Só pra dar aquele clima meio roxo e triste, como os filmes fazem.

Olhei para nossas fotografias, reli nossos e-mails e trocas de mensagens num ritual macabro de auto-sabotagem, mutilação e repúdio de um passado parcialmente verdadeiro, traduzindo ao sumo a dor e todo rancor dos nossos arrependimentos, disso entendemos. De arrependimentos.

Eu e você, na real, gostamos de sofrer. Ai de você, se você não concordar! De ver o que não gostamos, de dar aquela olhadinha pra ver como está, se está, enfim. 'Curiosiar' a gente sabe bem o quê. Que seja a rede social, ou se andou fazendo novas amizades por aí, postou alguma coisa no blog, enfim, futricar. E quando damos de cara com algo que não gostamos... dói.

Queremos encarar os problemas de perfil. A dor, de certa forma, satisfaz a nossa curiosidade. Que idiotice, não?! Trocamos uma interrogação por uma lágrima, ao invés de mudarmos o foco. Já ouvi muito esse conselho. Já te dei esse conselho e você já disse isso pra mim muitas vezes. Brincamos conosco. Somos uns lixos!

Seria clichê falar dos climas fazendo elo com nossas emoções, mas eu gosto e acho bem plausível para o momento.

E esse calor que emenda os amores, como numa fundição o aço é unificado?Aquela sensação que a gente confunde com nossos pensamentos, se entrega sem medo do 'e se...'. E vai. E quando pensa, já foi.Insisto em dizer que o começo do ano é onde os amores nascem, no inverno se aproximam e no final do ano se desfazem. Não sei se é lógico, matemático ou puro azar sobre as coisas que eu vejo ou vivenciamos, mas tenho isso pra mim como 1 e 1 são 11. 
Tudo é violável e substituível, exceto meu amor sem prazo de validade.


Uma vez me disseram que é normal sofrer por amor, que todo mundo sofre, sofreu ou vai sofrer um dia. O melhor disso é que a dor não dura pra sempre. Vamos pagar pra ver até onde nosso orgulho e sofrimento nos levarão?

Escrevo para não transbordar minhas emoções em nossas recordações.
Dói, ainda dói sim, dói demais esperar o telefone tocar e você não mais me ligar.
Dói não ter sua poesia expressa na minha caixa de entrada.
Dói, ainda dói sim, dói não ter o seu cheiro no meu travesseiro.
Eu quero mais uma hora com você. Mais 60 minutos de conversa e daqueles beijos que só a gente sabe trocar.
E mais a vida inteira pra gente repetir tudo isso quantas vezes quisermos. E pelo que te conheço, serão muitas.
Me liga, pode me ligar! Faça valer o que dizia sem parar, que só o amor basta pra ficarmos juntos. Que isso é fora do normal e que a gente se completa. Suplico, nessa carta, em forma de última tentativa que a gente fique juntos. Eu quero! Eu quero! Eu quero que você queira também. Pense nisso?
Me liga, pode me ligar! Faça valer o que dizia sem parar.

Beijos,
seu amor.

P.S.
Não ligo se pareço fraco. Você me conhece quando estou forte, sei que não se esquece disso!