10 de Setembro, segunda-feira comum.
Pela manhã um solzinho tímido, e ele, dia de folga, sem nada pra fazer.
Pela tarde, apenas uma volta no quarteirão de bicicleta – prata, 21 marchas - que ganhou, havia 1 ano, de sua ex-namorada.
Pouco depois das 19h ele estava cansado de não fazer nada, olhou pela janela e viu uma chuva pesada, desanimadora. Nocauteou-se no sofá e, deitado, cobriu com um braço apenas um dos olhos, de maneira que conseguia segurar o encosto do sofá por trás de sua cabeça, com o outro, apoiava sobre o vidro gelado da mesa de centro.
Ela estava quase pronta para sair com sua melhor amiga, só faltava passar o batom e calçar seus sapatos pretos de bico fino que ganhou de seu ex-namorado havia 3 meses. O elevador demorava para subir – sua vizinha do andar de baixo, Heleonora, acabava de chegar com as compras e suas 3 crianças infernais - sua amiga, que já estava na portaria, começou a ficar ansiosa.
Eram 19:27h e ele já tinha ligado para seus 3 melhores amigos e para meia dúzia de garotas com quem sempre rolava um esquema. E nada.
Passava das 20:20h ele estava andando de carro sozinho por aí.
Ela chegou ao barzinho que sempre ia às sextas-feiras por volta das 21h. O som já rolava e, apesar da chuva, o pessoal começava a chegar.
No meio do caminho, ele percebe seu marcador de combustível baixar e, no ritmo do limpador de pára-brisas, cantava as músicas de sua banda favorita – não tinha jeito, já que seu aparelho de cd havia sido roubado nem uma semana antes -. Deu seta para direita e vê o local mais iluminado da rua. Pessoas bonitas, um lugar agitado. Já eram 21:45h e não havia modo de rejeitar um convite desses.
Enquanto o som ao vivo de mpb rolava, ela dançava e ria muito com sua amiga que, no intervalo da terceira música, quis ir ao banheiro. Cansada e com sede, ela vai ao balcão pedir uma garrafinha de água sem gás.
Às 22:12h ele, que estava sentado em uma mesinha ao lado do palco, olha para o balcão.
Exatamente às 22:12h ela, que estava sentada no balcão olha para as mesinhas.
Neste mesmo horário, dois sorrisos surgiram. O dela foi acompanhado por um movimento tímido, encolhendo o rosto para a direita.
01:01h
- “Na minha casa ou na sua?” – ela
- “Na sua”
Que cena mais estranha. Foi amor à primeira vista - quem não acreditar nisso, sugiro que olhe mais a sua volta. –
No caminho, não faltou assunto. Incrível como as risadas eram sinceramente compartilhadas.
O cenário tinha tons escuros, já três garrafas de vinho no chão – duas delas caídas - . Na cama só o lençol, sem o edredon que, ninguém sabe como, estava na sala. Na pele, apenas a outra pele molhada de suor. Que noite!
Cada sorriso tinha uma sensação de promessas. Cada beijo, a confirmação. Só podia ser amor. E foi.
O dia clareou e ele acordou desesperado procurando suas roupas:
- “Preciso ir embora, estou atrasado.”
- “Você volta hoje à noite, né?! Você prometeu...” – ela, sorrindo-falando-cantando com ar de romance.
Ele olha pra cima, já vestindo sua camisa e, como uma bola de lâminas que sobe pela garganta, responde:
- “Não podemos viver juntos, sinto muito. Você tem um gato, eu tenho um cachorro que não suporta gatos.”
Ela o vê partir – seu coração – e cai coberta pelo lençol em prantos na cama.
“Espera! Ele não me disse nada sobre cachorros ontem, quando falei do meu gato.” – ela pensa.
Pega o telefone sem fio na cabeceira da cama e, olhando para a mão esquerda, digita o que via com a mão direita:
- “Alô?” – diz uma voz cansada no outro lado da linha.
- “Bom dia senhora, sou da Clinica Veterinária e estou ligando para confirmar a vacinação do cachorro hoje às 15h, tudo bem?” – ela diz.
- “Olha minha filha, sinto muito, mas acho que ligou errado. O único cachorro que eu tenho aqui não dormiu em casa e deve ter ficado na gandaia até altas horas, desculpe.”
Ela desliga o telefone. Liga a TV, era 11 de Setembro.
Pela manhã um solzinho tímido, e ele, dia de folga, sem nada pra fazer.
Pela tarde, apenas uma volta no quarteirão de bicicleta – prata, 21 marchas - que ganhou, havia 1 ano, de sua ex-namorada.
Pouco depois das 19h ele estava cansado de não fazer nada, olhou pela janela e viu uma chuva pesada, desanimadora. Nocauteou-se no sofá e, deitado, cobriu com um braço apenas um dos olhos, de maneira que conseguia segurar o encosto do sofá por trás de sua cabeça, com o outro, apoiava sobre o vidro gelado da mesa de centro.
Ela estava quase pronta para sair com sua melhor amiga, só faltava passar o batom e calçar seus sapatos pretos de bico fino que ganhou de seu ex-namorado havia 3 meses. O elevador demorava para subir – sua vizinha do andar de baixo, Heleonora, acabava de chegar com as compras e suas 3 crianças infernais - sua amiga, que já estava na portaria, começou a ficar ansiosa.
Eram 19:27h e ele já tinha ligado para seus 3 melhores amigos e para meia dúzia de garotas com quem sempre rolava um esquema. E nada.
Passava das 20:20h ele estava andando de carro sozinho por aí.
Ela chegou ao barzinho que sempre ia às sextas-feiras por volta das 21h. O som já rolava e, apesar da chuva, o pessoal começava a chegar.
No meio do caminho, ele percebe seu marcador de combustível baixar e, no ritmo do limpador de pára-brisas, cantava as músicas de sua banda favorita – não tinha jeito, já que seu aparelho de cd havia sido roubado nem uma semana antes -. Deu seta para direita e vê o local mais iluminado da rua. Pessoas bonitas, um lugar agitado. Já eram 21:45h e não havia modo de rejeitar um convite desses.
Enquanto o som ao vivo de mpb rolava, ela dançava e ria muito com sua amiga que, no intervalo da terceira música, quis ir ao banheiro. Cansada e com sede, ela vai ao balcão pedir uma garrafinha de água sem gás.
Às 22:12h ele, que estava sentado em uma mesinha ao lado do palco, olha para o balcão.
Exatamente às 22:12h ela, que estava sentada no balcão olha para as mesinhas.
Neste mesmo horário, dois sorrisos surgiram. O dela foi acompanhado por um movimento tímido, encolhendo o rosto para a direita.
01:01h
- “Na minha casa ou na sua?” – ela
- “Na sua”
Que cena mais estranha. Foi amor à primeira vista - quem não acreditar nisso, sugiro que olhe mais a sua volta. –
No caminho, não faltou assunto. Incrível como as risadas eram sinceramente compartilhadas.
O cenário tinha tons escuros, já três garrafas de vinho no chão – duas delas caídas - . Na cama só o lençol, sem o edredon que, ninguém sabe como, estava na sala. Na pele, apenas a outra pele molhada de suor. Que noite!
Cada sorriso tinha uma sensação de promessas. Cada beijo, a confirmação. Só podia ser amor. E foi.
O dia clareou e ele acordou desesperado procurando suas roupas:
- “Preciso ir embora, estou atrasado.”
- “Você volta hoje à noite, né?! Você prometeu...” – ela, sorrindo-falando-cantando com ar de romance.
Ele olha pra cima, já vestindo sua camisa e, como uma bola de lâminas que sobe pela garganta, responde:
- “Não podemos viver juntos, sinto muito. Você tem um gato, eu tenho um cachorro que não suporta gatos.”
Ela o vê partir – seu coração – e cai coberta pelo lençol em prantos na cama.
“Espera! Ele não me disse nada sobre cachorros ontem, quando falei do meu gato.” – ela pensa.
Pega o telefone sem fio na cabeceira da cama e, olhando para a mão esquerda, digita o que via com a mão direita:
- “Alô?” – diz uma voz cansada no outro lado da linha.
- “Bom dia senhora, sou da Clinica Veterinária e estou ligando para confirmar a vacinação do cachorro hoje às 15h, tudo bem?” – ela diz.
- “Olha minha filha, sinto muito, mas acho que ligou errado. O único cachorro que eu tenho aqui não dormiu em casa e deve ter ficado na gandaia até altas horas, desculpe.”
Ela desliga o telefone. Liga a TV, era 11 de Setembro.
Sensacional!
ResponderExcluirParabéns...muito bom!
Procurei as palavras certas para lhe parabenizar pelos textos, mas suas exposições de idéias me deixaram no limite da admiração e do silêncio. Diante da situação a única palavra que posso usar, mais uma vez, é Parabéns. Abraço... :)
ResponderExcluirMto, mto bom esse aqui!
ResponderExcluirBah... homens... o problema do mundo! kkkkkk